sexta-feira, 29 de julho de 2011

Staphylococcus


     Estafilococos são um gênero de bactérias Gram-positivo, com forma de cocos que podem causar doenças no ser humano, sendo um dos mais comuns patógenos do homem. O estafilococos têm forma esférica (são cocos), cerca de um micrômetro de diâmetro, e formam grupos com aspecto de cachos de uvas (staphylé é a palavra em grego para cacho de uvas). Após coloração por técnica de Gram, adquirem cor arroxeada ao microscópio óptico.



     Os estafilococos existem na pele de todas as pessoas, geralmente estirpes pouco virulentas (coagulase-negativas), embora freqüentemente existam também Staphylococcus aureus não patogênicos. Por vezes existem também no intestino e trato urinário. Destruídas por desinfetantes, sabão e altas temperaturas. Resistem bem à desidratação, durante longos períodos. Passam de pessoa para pessoa pelo contato direto ou com objetos. Feridas e outras aberturas na pele, estados de debilidade, cirurgias e doenças graves podem levar um microorganismo inicialmente inofensivo a se transformar em invasor, ou seja, patogênico.
     
As principais patologias causadas pelos Staphylococcus são:
- mastite bovina;
- otite externa em cães;
- doenças sistêmicas potencialmente fatais;
- infecções cutâneas (piodermites);
- infecções oportunistas;
- doenças das vias urinárias;
- endocardite;
- gastroenterites.
     
     A bactéria se reproduz com facilidade apenas em alimentos ricos em nutrientes à base de ovos, leite, carnes e açúcar. As intoxicações ocorrem normalmente em alimentos como laticínios: queijo frescal, creme de leite, chantilly, leite; produtos de confeitaria: tortas recheadas, creme de ovos, etc.; produtos de carne como presunto. Sua origem é a matéria prima ou o manipulador de alimentos. Habita a pele de animais e humanos, assim como as fossas nasais. Pode chegar ao alimento através do animal ou pelo contato com humanos.
     A toxina formada não é destruída pelo cozimento; uma vez formada no alimento esse pode causar intoxicação mesmo após o processo, embora o microrganismo seja destruído.
     A doença se caracteriza basicamente por vômitos intensos que se iniciam cerca de 2 h após a ingestão de alimentos com a toxina e duram algumas horas. Em geral o paciente se recupera sem maiores conseqüências, mas pessoas vulneráveis como bebês, idosos e pessoas debilitadas podem apresentar conseqüências mais graves.
     A prevenção se baseia em higiene pessoal: lavar as mãos com sabões desinfetantes, e uso de álcool; uso de máscaras, luvas e gorros pelo manipulador de alimento para evitar a contaminação dos alimentos; e o uso de refrigeração adequada durante todo o processamento de alimentos. A temperatura de refrigeração deve ser sempre mantida inferior a 7°C.
     Existem mais de 30 espécies pertencentes ao gênero, apenas algumas delas causam doenças significativas. Staphylococcus MRSA são resistentes a Meticilina e Oxacilina, e ocorrem tanto em ambientes hospitalares (onde são mais freqüentes) quanto na comunidade.


Pseudomonas aeruginosa


    
     Pseudomonas aeruginosa (também conhecida como Pseudomonas pyocyanea) é uma bactéria Gram-negativo, aeróbia, baciliforme. Seu ambiente de origem é o solo, é capaz de viver em ambientes hostis, e sua ocorrência é comum também em outros ambientes. É um patógeno oportunista, ou seja, que raramente causa doenças a um organismo saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro infeccioso. Essa característica, associada à sua resistência natural a grande número antibióticos e antisépticos a torna uma importante causa de infecções hospitalares.


 
    
     Acometendo indivíduos com sistema imunológico comprometido, a P. aeruginosa infecta o aparelho respiratório, aparelho urinário, queimaduras, e também causa outras infecções sanguíneas.  Em raras circunstâncias pode causar pneumonia por contágio entre humanos. É a causa mais comum de infecções de ouvido e em queimaduras, é o mais freqüente colonizador de superfícies em ambiente hospitalar.

     É uma das bactérias responsáveis pelas infecções hospitalares. A partir de 1991 surgiram as primeiras infecções hospitalares por cepas multi-resistentes sensíveis apenas à Colistina.  
     Sua elevada freqüência no ambiente hospitalar explica-se parcialmente pela sua resistência a antibióticos e anti-sépticos leves. Um crescente número de estudos alerta para a relação entre o uso de desinfetantes e o surgimento de bactérias resistentes.
 
    
     Um dado importante sobre a bactéria Pseudomonas aeruginosa é a grande capacidade de formação de biofilmes, principalmente em encanamentos.  A água a ser consumida poderá ser contaminada pela bactéria. Quando isso ocorre em hospitais existe o agravamento pelo  risco da ingestão da bactéria por pessoas debilitadas.

Pessoas com fibrose cística, pacientes de câncer e portadores de doenças imunossupressoras são altamente suscetíveis ao agravamento do quadro pela infecção por Pseudomonas aeruginosa. Nesses casos o índice de óbitos pode chegar a 50%. 
     Poucos antibióticos atuais são eficazes no tratamento da P. aeruginosa.

Klebsiella



     Klebsiella é um gênero de bactérias bacilares gram-negativo, não-móveis, capsuladas, da família Enterobacteriaceae. O nome Klebsiella advém do bacteriologista alemão Edwin Klebs (1834-1913).
     Ocorrem em fezes, em análises clínicas, na água, no solo, no trato gastrointestinal, em vegetais e frutas e nos cereais. Provoca pneumonias, infecções no tracto urinário, infecções nos serviços de cuidados intensivos e infecções neonatais.
     Três espécies (ornithinolytica, planticola e terrigena), anteriormente classificadas no gênero Klebsiella, fazem parte do novo gênero Raoultella.
     Klebsiella pneumoniae é uma espécie de bactéria gram-negativo, em forma de bastonete da família Enterobacteriaceae, pode ser encontrada no trato respiratório alto,  trato gastro-intestinal e urinário, causando pneumonia lobar e infecção urinária e septicemia. É o mais importante membro do gênero Klebsiella.


       Pode causar pneumonia, a sua implicação mais comum ocorre em infecções hospitalares (aparelho urinário e feridas), em particular em doentes imunologicamente deprimidos.
     Os membros da família Enterobacteriaceae têm-se tornado consideravelmente menos sensíveis aos aminoglicosídeos, enquanto sua susceptibilidade aos beta-lactâmicos de amplo espectro tem permanecido constante em alguns centros. Esse fato se procede principalmente pelas Klebsiella pneumoniae produtoras de beta-lactamase de espectro ampliado (ESBL). 
     Vale ressaltar os resultados de Sader e cols. sobre a prevalência de amostras de K. pneumoniae (39,0%) produtoras de ESBL, sendo inibidas, in vitro, somente pelos antimicrobianos carbapenêmicos e ciprofloxacino.




Enterococcus


       
     São bactérias Gram-positvo na forma de cocos, habitantes do intestino do homem, agentes causadoras eventuais de endocardite bacteriana, infecções intestinais e infecções urinárias.

Algumas espécies:
Enterococcusfaecalis*
Enterococcus faecium*
Enterococcus avium
Enterococcus  galinarum
Enterococcus rafinosus
Enterococcus casseliflavus
Enterococcus durans 
* são os maior importância no ambiente hospitalar por estarem relacionadas a as infecções e a transferência de genes conferindo resistência a vancomicina, sendo denominados VRE (Enterococos resistentes a vancomicina).

     A via de transmissão entre doentes é por contato, sendo o veículo principal as mãos dos assistentes.     
     No ambiente hospitalar, o Enterococcus causa infecção principalmente em pacientes submetidos a cirurgias abdominais e torácicas , internados em unidade de terapia intensiva e com  histórico de uso de múltiplos antibióticos, uso de procedimentos invasivos como cateter vesical e vascular, e em pacientes imunossuprimidos. 


     As recomendações para controle e prevenção da disseminação do VRE (vancomicin resistent enterococcus) são:

- Intensificação das medidas de precauções padrão;
- Adoção de precauções de contato para pacientes infectados ou colonizados durante toda a internação;
- Controle do uso de antibióticos: restrição do uso de vancomicina e cefalosporinas de terceira geração e drogas com atividade anaerobicida;
- Desinfecção ambiental: as superfícies devem ser limpas diariamente e uso de desinfecção com álcool 70%;
- Educação continuada: informação e capacitação dos profissionais com ênfase na higiene de mãos.




 

Escherichia coli



     Escherichia é um gênero de bactérias bacilares Gram negativo, não formadoras de  esporos, anaeróbicas facultativas, da família Enterobacteriaceae. Habita o trato gastrointestinal de animais de sangue quente, exceto pela espécie Escherichia blattae, isolada do intestino de baratas.
     São pequenas, e podem ser imóveis ou móveis com flagelação perítrica.
     São os principais agentes causais das infecções urinárias, nosocomiais, principalmente meningites e septicemia. Algumas delas podem estar associadas a ferimentos como porta para agentes oportunistas. 
     Apresentam uma enorme diversidade de espécies (patótipos). Escherichia albertii; E. blattae; E. coli; E. fergusonii; E. hermannii; E. senegalensis; E. senegalensis; E. vulneris; E. sp.

 
     Recente uma nova cepa de E. coli  mutante causou surto na Europa com várias mortes associadas. A infecção pode causar a complicação mortal da síndrome hemolítico-urêmica (SHE), que ataca os rins, às vezes causando convulsões, derrames e comas. Inicialmente, as autoridades alemãs haviam apontado pepinos importados da Espanha como foco do surto, mas depois descartaram a possibilidade. Leia mais sobre esta nova cepa de E. coli nesse link.




Acinetobacter

 
     É uma bactéria gram-negativo pertencente a um grupo de microrganismos comensais, de baixa virulência, que existem no homem e no ambiente. No homem geralmente coloniza pele e intestino.

 
     São encontradas frequentemente no solo, na água, em superfícies secas e possivelmente em mãos contaminadas de profissionais de saúde que estão em contato com pacientes.
     A grande importância desta bactéria está associada ao seu perfil de resistência a antibióticos, que dificulta o tratamento.
    Acinetobacter baumannii geralmente desenvolve resistência aos aminoglicosídeos, beta-lactâmicos e fluorquinolonas, e costuma ser sensível apenas aos carbapenêmicos por sua grande aptidão em sobreviver e se adaptar a condições adversas.
     Outro fator de importância clínica, apesar da sua baixa virulência, está no seu envolvimento em processos infecciosos nosocomiais, em unidades de pacientes grandes queimados, unidades de terapia intensiva e principalmente pacientes em uso de ventilação mecânica.
     Os sítios de infecção mais comuns são trato respiratório, sangue e urina. Nos EUA 2% das infecções de corrente sanguínea e 6% das pneumonias são causadas por Acinetobacter. Na Europa é o patógeno mais comum nas infecções de corrente sanguínea. No Brasil é comum estar envolvido em surtos nosocomiais, É patógeno envolvido em pneumonias associadas à ventilação mecânica e em queimados.


    Acinetobacter pode sobreviver em superfícies secas por 25 dias. Muitos artigos reportam surtos causados por esta bactéria nos hospitais de todo mundo. Estes têm sido associados à contaminação de equipamentos de ventilação mecânica, colchões, umidificadores e uso indiscriminado de antibióticos.

     O tratamento da infecção por esse patógeno deve preferencialmente ser guiado por antibiograma e análise do padrão de resistência de cada cepa.

     Dentre das medidas de controle das infecções causadas por este patógeno estão:
- Intensificação das medidas de precauções padrão – Higienização das mãos;
- Adoção de precaução de contato para pacientes infectados/colonizados durante toda a internação;
- Desinfecção ambiental: as superfícies devem ser limpas diariamente e sofrer desinfecção com álcool 70%;
- Educação continuada: informação e capacitação dos profissionais.